Eis a questão! Quando vale a pena acionar o seguro (e perder bônus) ou ganhar bônus (e não acionar o seguro)
Sempre que o seguro é acionado para um sinistro, ocorre a perda de uma classe de bônus. Por conta disso, quando ocorrem colisões de pequena monta é comum o cliente ter dúvidas se vale ou não a pena acionar o seguro para ter cobertura dos danos ou pagar do próprio bolso para não perder os bônus.
No post de hoje mostraremos um passo a passo para lhe ajudar a tomar esta decisão.
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Cenário #1
O que acontece quando aciono o seguro?
Para fazer a comparação se vale ou não a pena acionar o seguro, primeiro é preciso entender o que acontece em cada cenário. Vamos começar por quando você aciona o seguro.
Neste caso, o consumidor-segurado paga a franquia obrigatória e a seguradora cobre a diferença acima da franquia. Se houverem terceiros (vítimas) pelos quais o segurado seja responsável, os reparos do veículo da vítima poderão ser realizados por meio do seguro, sem pagamento de franquia. Na renovação do seguro, ocorrerá a perda de uma classe de bônus.
Exemplo 1: José tem um seguro de automóvel com franquia de 1.500 reais e bônus atual classe 02. Ele sofre uma colisão cujo reparo fica em 5.000 reais e aciona o seguro: Pagará 1.500 reais à oficina e a seguradora cobrirá a diferença de 5.000 – 1.500 = 3.500 reais.
Na renovação da apólice, José perde uma classe de bônus e vai para classe 02 – 01 = 01 bônus.
Exemplo 2: Maria tem um seguro com franquia de 2.000 reais, cobertura de danos materiais a terceiros e bônus atual classe 04. Acidentalmente ela causa uma colisão, danificando seu próprio carro e a moto da vítima. O orçamento para conserto do carro de Maria fica em 3.500 reais e da moto do terceiro fica em 3.000 reais. Maria aciona seu seguro para seu próprio carro: Ela paga a franquia de 2.000 e a seguradora cobre a diferença de 3.500 – 2.000 = 1.500. Já a cobertura de terceiros não tem franquia. A seguradora cobre os 3.000 reais do terceiros sem custos adicionais para Maria.
Na renovação da apólice de Maria, ela perderá 01 classe, indo de 04 para 03 bônus. Veja que a seguradora deu cobertura para 02 veículos (o de Maria e do terceiro), contudo foram todos parte de um único processo de sinistro. Por isso ela perde uma, e não duas classes de bônus.
Cenário #2
O que acontece se NÃO aciono o seguro?
Agora, e se o consumidor-segurado decidir não acionar o próprio seguro? Vejamos o que acontece.
O consumidor-segurado deverá pagar o conserto de seu carro e de eventuais terceiros (vítimas) com recursos próprios. Ou seja, pagará todos os reparos do seu próprio bolso, sem participação da seguradora. Quando for renovar seu seguro, como não houve sinistro coberto durante a vigência, ganhará uma classe adicional de bônus.
Exemplo 3: Gabriel tem um seguro de moto com franquia de 1.500 reais e bônus atual 05. Ele se envolve numa colisão e o conserto fica em 2.000 reais. Se ele fosse acionar o seguro, ele pagaria a franquia de 1.500 reais e a seguradora cobriria a diferença de 2.000 – 1.500 = 500 reais. Como Gabriel acha que não vale a pena perder uma classe de bônus para ter cobertura de 500 reais, ele opta por não acionar o seguro e consertar a moto por sua conta. Ele pagará os 2.000 reais à oficina sem qualquer intermediação ou envolvimento da seguradora.
Na renovação da apólice, Gabriel ganhará uma classe de bônus por não ter acionado o seguro e irá de bônus 05 para 06.
Exemplo 4: Bianca tem um seguro de automóvel com franquia de 2.000 reais, cobertura de danos materiais a terceiros e bônus atual 06. Acidentalmente ela causa um acidente com danos a seu carro e ao carro do terceiro. O orçamento de reparo do seu carro fica em 2.200 reais e do terceiro fica em 300 reais. Se acionar o seguro para ser carro terá cobertura de 2.200 – 2.000 = 200 e 300 reais. Para isso perderia uma classe de bônus. Bianca decide não acionar o seguro e bancar ambos reparos do seu bolso.
Na renovação da apólice, Bianca ganhará uma classe de bônus por não ter acionado o seguro e irá de bônus 06 para 067.
Como decidir?
Como você já pôde ver acima, a decisão envolve escolher entre:
- Acionar o seguro e:
- Ter cobertura para diferença acima da franquia no carro segurado
- Ter cobertura para reparo do terceiro sem custos adicionais
- Perder uma classe de bônus na renovação da apólice
- Não acionar o seguro e:
- Pagar o reparo do seu carro com recursos próprios
- Pagar o reparo do terceiro com recursos próprios
- Ganhar uma classe de bônus adicional na renovação da apólice
Passo a passo: Quando o orçamento do carro segurado e/ou do terceiro fica num valor baixo, a decisão é difícil. Para fazer uma escolha mais fundamentada, recomendamos seguir o passo a passo abaixo:
- Faça orçamento do reparo do seu carro e do terceiro.
- Veja qual valor efetivamente a seguradora cobrirá, descontada a franquia.
- Solicite ao corretor para fazer uma simulação da renovação com a perda de um bônus e com o ganho de um bônus. Veja qual a diferença entre esses orçamentos.
- Use os seguintes critérios:
- Se o valor coberto for menor que o desconto conseguido com o bônus de renovação, não acione o seguro.
- Se o valor coberto for maior que o desconto conseguido com o bônus de renovação, acione o seguro.
Lembre-se que a simulação poderá sofrer variação com o tempo, pois as tabelas de preço da seguradora mudam mensalmente (algumas, diariamente). Ainda assim, com o passo a passo acima você consegue tomar uma decisão mais fundamentada.
Exemplo 5: Camila tem um seguro com franquia de 3.000 reais, cobertura de danos a terceiros e bônus atual 07. Ela causa uma colisão de pequena monta. Como os orçamentos de reparos são baixos, fica na dúvida, encontra o blog da Muquirana e decide usar o passo a passo para decidir.
- Orçamento do carro de Camila: 3.200 reais.
Orçamento do carro do terceiro: 350 reais. - A seguradora cobrirá: 3.200 – 3.000 = 200 reais e 350 reais do terceiros.
No total a seguradora cobrirá 200 + 350 = 550 reais. - Camila simula sua renovação com:
Bônus 07 – 01 = 06. Preço do seguro: 2.000 reais (acionando o seguro)
Bônus 07 + 01 = 08. Preço do seguro: 1.800 reais (não acionando o seguro)
Na simulação o bônus está dando 2.000 – 1.800 = 200 reais de desconto. - O desconto do bônus (200 reais) é muito menor que a cobertura da seguradora (550 reais).
Camila decide acionar o seguro.
Exemplo 6: Jonas tem um seguro com franquia de 1.000 reais, cobertura de danos a terceiros e bônus atual 09. Ele se envolve numa colisão de pequena monta com danos a seu carro e ao terceiro.
- Orçamento do carro de Jonas: 500 reais.
Orçamento do carro do terceiro: 250 reais. - A seguradora cobrirá apenas os 400 reais do terceiro, pois os danos ao carro de Jonas não atingiram a franquia.
- Jonas simula sua renovação com:
Bônus 09 – 01 = 08. Preço do seguro: 1.700 reais (acionando o seguro)
Bônus 09 + 01 = 10. Preço do seguro: 1.400 reais (não acionando o seguro)
Na simulação o bônus está dando 1.700 – 1.400 = 300 reais de desconto. - O desconto do bônus (300 reais) é maior que a cobertura da seguradora (250 reais).
Jonas decide não acionar o seguro para ganhar o bônus na renovação.
Aos colegas economistas, sei que o correto seria fazer o cálculo do valor presente deste desconto considerando inflação, já que ele só será efetivamente recebido no futuro. Contudo, a ideia aqui é um passo a passo simplificado. Além disso, podemos considerar que tanto o preço do seguro quanto o desconto estão sujeitos a inflação.
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